Encontros e desencontros

A ultima vez que tinham se visto fora na formatura da faculdade, 15 anos atrás. Agora estavam ali, lado a lado no avião.

- Você não é o....?
- Vinícius, sou. E você, o Guilherme?
- Meu Deus!! Você continua igualzinho.
- Ha, que nada. Você que está a mesma coisa!

E ficaram ali lembrando dos tempos de estudantes. Quantas colas nas provas de final de semestre. Quantas idas e vindas juntos para os encontros nacionais dos estudantes de engenharia. Quantas festas na república do Rafael, o Sansão! Bons Tempos.

- E a Ritinha, notícias dela?
- Desde que terminamos, nunca mais a vi. Parece que ela casou e agora está morando fora. Você continua no banco?
- Larguei. Abri meu próprio negócio. Uma empresa de brindes. To indo visitar um cliente em Natal. E você? Vai pra Natal ou desce em Salvador?
- Salvador, minha mãe agora mora lá.

Nisso o comandante anuncia que estavam sobrevoando Salvador e estavam prestes a aterrisar.

- Que pena, precisamos nos reencontrar
- Claro. Quando voltar pra Porto Alegre eu telefono pra você. Vamos marcar de reunir todo mundo, o povo da faculdade...
- Vamos sim, quanto tempo!

Trocaram cartões com o número de telefone, e-mails e nunca mais se encontraram. Apenas se enviam e-mails com arquivos powerpoint e algumas piadas de vez em quando.

Pontos de referência

Pontos de Referência

Não existe nada mais útil do que os pontos de referência. Se você estiver perdido e for pedir informação para alguém, logo será descarregado de pontos de referência para você achar e saber se guiar. Mas os melhores pontos de refência não são lojas, placas ou plantas. São pessoas. Os famosos "gordinho", ou "peruca" etc. Desconsiderando-se os pontos de referência que servem como "guia de trânsito", existem dois outros tipos de pontos: chamemos de os da "cidade" (shoppings, supermercados e afins) e os de "férias" (praia, piscina do clube etc).

O único ponto de referência que consegue ser ponto de referência tanto na "cidade" como nas "férias", são os(as) gordinhos(as) de sempre. Esses estão fadados a serem pontos de referência em qualquer lugar que estiverem, só têm desvantagens.

Além dos gordinhos, outro tipo facilmente identificável do tipo "cidade", é o cara que usa peruca. Ele, crente que ninguém percebe que ele usa peruca, desfila naturalmente pela cidade. Mas esses, além de serem ponto de referência, são também marca registrada. "Sabe o Paulo, do 103? Aquele da peruca!". A única vantagem deles é poder mudar radicalmente de visual. Mas nenhum o faz, para ninguém perceber que eles usam peruca.

Existem, também, os cabeludos e os "gigantes". Mas destes, o que mais chama a atenção mesmo são as mulheres altas. Começa que uma mulher dessa só vai casar se for com um cara mais alto ainda. Afinal, homem que é homem não gosta de mulher mais alta que ele. Ela só pode ser mais alta se estiver de salto. E ainda assim, vai ser raro, já que isso só vai acontecer em festas. E homem que é casado com mulher mais alta também vira ponto de referência.

Já no tipo "férias", em oposição aos gordinhos, estão os magrelos. Tem coisa mais horrível do que se estar na praia e passar aquele cara magro, branquelo, com aquela sunga da C&A preta com uma faixa vermelha do lado? Ou então você estar no clube tomando sol e na cadeira do lado um ser que mais parece um bando de costelas cujos músculos dos braços e pernas parecem que não existem? Por incrível que pareça, tem! E pior que os magrelos, só aquela cara que parece uma bola de pêlos. Ou melhor, ele é um ser peludo que é humano nas horas vagas. Quem nunca soltou um comentário "olha o Tony Ramos vindo" quando aparece um desse. Para a sorte dos que têm o azar de serem magrelos E peludos, não existe a fusão das duas opções. Afinal Um magrelo peludo, parecendo um poodle que acaba de sair da tosa, acaba anulando o fato de ser magrelo e desfilar seus ossos por onde vai. Fica só com a opção "pelos".